Nas minhas imagens de agosto – damasqueiros
viçosos
Poetas ociosos alinhavados nos vestidos do
tempo
Arribaçãs corajosas que confrontam os
gatilhos das armadilhas...
Mas eu continuo o mesmo sujeito sem jeito
Com o olho mareado, com um rasgo no peito
Com aquele dor que não dói – mas sufoca
Que ameaça matar, mas não mata...
Ameaço partir, mas não vingo...
Contínuo escrevendo sobre os elefantes de
gaveta
Aqueles que pesam na alma
Aqueles que minam minha consciência
Aqueles mesmos elefantes pardos
Que com seus fardos invadiram meu quintal...
Nas minhas imagens de agosto – A sentinela
tola no posto...
O hiato dos passarinhos – a glosa das
carpideiras
O coral das formigas desocupadas
As cigarras trabalheiras – as contradições da
vida
As minhas contradições
Continuo escrevendo sobre mamutes alarmados
Aqueles que fugiram pelo oitão dos meus
ombros
Que fizeram dos meus pecados, escombros
Que me amordaçaram enquanto um papagaio gago
Recitava uma Ave Maria...
-
Ave-ve Ma-maria che-cheia de-de gra-graça oooo Se-se-senhor ééé con-convosco...
♣
RADYR GONÇALVES
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